terça-feira, 28 de abril de 2015

Reunião da Mesa de Negociação com as Ocupações do dia 28/04/2015: Ocupações da Izidora em questão.

Reunião da Mesa de Negociação com as Ocupações do dia 28/04/2015: Ocupações da Izidora em questão.
Nota pública.


Hoje, dia 28 de abril de 2015, na Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte, MG, houve mais uma reunião da Mesa de Negociação com as Ocupações urbanas e do Campo. Reunião tensa que versou sobre seis problemas sociais.
Primeiro, as Brigadas Populares, o Ministério Público de MG da área de Direitos Humanos, a Defensoria Pública de MG da área de Direitos Humanos, a Comissão Pastoral da Terra e Romerito, representante da Ocupação Nelson Mandela, na Serra, em Belo Horizonte, exigiram a inclusão em bolsa moradia de mais 6 famílias da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, BH. Estas famílias estão no cadastro feito pelo Programa Pólos da UFMG, cadastro que consta do processo judicial, mas que ficaram fora das bolsas moradia concedidas pelo Governo de MG até o reassentamento definitivo a ser feito em apartamentos a serem construídos pelo Governo de MG, via COHAB. A COHAB aceitou fazer nova sindicância sobre essas seis famílias e analisar a pertinência de conceder bolsa moradia a elas também.
Segundo, sobre a Ocupação Barreirinho, em Ibirité, MG, ficou acertado que a COHAB convidará o prefeito de Ibirité, Pinheirinho, para uma reunião da Mesa de Negociação para que se efetive abertura de negociação com as famílias da Ocupação Barreirinho, famílias que não aceitam o despejo. Ocupam esqueletos de casas iniciadas, mas com obras paralisadas há mais de três anos. Improbidade administrativa? Corrupção? Com a palavra o Ministério Público de MG.
Terceiro, sobre o Acampamento Novo Paraíso, do MST, em Jequitaí, Norte de MG, onde quase 50 famílias estão na iminência de serem despejadas em um processo com uma série e ilegalidades. Ficou acertado que a Advocacia Geral do Estado (AGE) pedirá judicialmente a ampliação do prazo para se tentar construir uma proposta concreta para que as famílias sejam assentadas na fazenda ocupada, fazenda Ferroligas/Belgominas, ou em outra fazenda.
Quarto, sobre a Ocupação Vila Feliz, em Rio Acima, MG, onde dezenas de famílias ocuparam casas inacabadas do Programa Minha Casa Minha Vida e agora estão sob liminar de reintegração de posse. Ficou acertado que a PM não fará o despejo enquanto não se discutir esse problema social na Mesa de Negociação.
Quinto, sobre famílias sendo despejadas em Conceição do Mato Dentro, MG, pela Mineradora Anglo American com apoio da Polícia militar de MG foi denunciado a imensa violência que está sendo perpetrada contra as águas, o meio ambiente e as populações da região de Conceição do Mato Dentro. Ficou de se tentar revisão jurídica que respeite a dignidade das pessoas e do meio ambiente e ficou de não fazer mais despejos de forma inconstitucional. Que se ouça os clamores dos massacrados pela mineradora Anglo American, um dragão cuspindo fogo.
Sexto, o Governo de MG, a PBH e a construtora Direcional esperavam hoje uma resposta sobre a proposta de construir prédios do Minha Casa Minha Vida nos terrenos hoje ocupados por milhares de famílias das Ocupações Esperança e Vitória. Mas a Defensoria Pública de MG, o Ministério Público de MG, professores da PUC Minas e do Centro Universitário UNA, as Brigadas Populares, a CPT, o MLB e as coordenações das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória afirmaram que, considerando: a) o assassinato covarde em 31/03/2015, do companheiro Manoel Bahia, coordenador da Ocupação Vitória, e, por isso, luto de 1 mês; b) duas reportagens caluniosas sobre as Ocupações da Izidora no Jornal Hoje em Dia e uma reportagem mentirosa e caluniosa na Rádio Itatiaia, o que inflamou os ânimos no meio do povo ao serem caluniados; c) que a Proposta da Direcional não foi ainda entregue por escrito,  não tivemos tempo hábil e nem as condições emocionais para discutir e deliberar sobre a Proposta submetida oralmente às ocupações da Izidora. Por isso, reivindicamos a Proposta por escrito para, após reunião de uma Câmara setorial da Mesa de Negociação que discuta todas as implicações da Proposta, ser apresentada e discutida com o povo das Ocupações. O Cláudius Vinícius, presidente da COHAB, encerrou a reunião dizendo que se as lideranças da Izidora quiserem pode procurá-lo para marcar reunião para novos passos.
Assim, de forma tensa, terminou a reunião. Por um lado, os representantes do Governo de MG insistindo para que a Proposta da construtora Direcional seja aceita e, por outro lado, as lideranças das Ocupações da Izidora, de cabeça erguida, com intrepidez, defendendo os direitos das famílias das Ocupações e reivindicando proposta justa e sensata. Se o lema do Governo de MG é “ouvir para governar”, que se ouça pra valer o povo o das Ocupações da Izidora para, assim, no diálogo franco, chegarmos a uma proposta justa e sensata de forma que possamos superar um dos maiores conflitos fundiários e social do Brasil: o que envolve as ocupações da Izidora. Estaremos sempre abertos a negociação, mas com propostas justas e sensatas.

Assinam essa Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Brigadas Populares
Movimento de luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Coordenações das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 28 de abril de 2015.

Para maiores informações, consulte:

sábado, 25 de abril de 2015

CEMIG corta energia na Ocupação Vitória, em Belo Horizonte, MG. BH, 25/04/2015.

CEMIG corta energia na Ocupação Vitória, em Belo Horizonte, MG.
Ontem, dia 24/04/2015, a CEMIG cortou fontes de energia na Ocupação Vitória, em Belo Horizonte, MG, deixando muitas famílias sem energia, um bem comum, e deixou também várias pessoas diabéticas sem poder tomar insulina, inclusive, crianças, tais como Aléxia Vitória, de 7 anos, e Alexandre Rian, de 5 anos. Por isso o povo vai religar a fonte de energia. Na prática, o povo está conquistando “Luz para Todos”, enquanto a CEMIG injustamente obedece a um TAC – Termo de Ajuste de Conduta – que o Ministério Público de MG assinou com Prefeitura de BH, CEMIG e COPASA, TAC inconstitucional e contra a lei orgânica de BH que prescreve que o poder público tem a obrigação de colocar energia, água e saneamento em todas as comunidades do município.

Assinam essa Nota: Comissão Pastoral da Terra, Brigadas Populares, MLB e Coordenações das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

CRIME AMBIENTAL NA FAZENDA FERROLIGAS/BELGOMINAS, em Jequitaí, MG, onde há grande pressão para se despejar até 01 de maio de 2015 mais de 40 famílias do Acampamento Novo Paraíso, do MST.

CRIME AMBIENTAL NA FAZENDA FERROLIGAS/BELGOMINAS, em Jequitaí, MG, onde há grande pressão para se despejar até 01 de maio de 2015 mais de 40 famílias do Acampamento Novo Paraíso, do MST.
Nota da CPT/MG.

Na madruga do dia 20/04/2015,  a Polícia militar de Minas Gerais, em Jequitaí, Norte de MG, apreendeu um caminhão de madeira extraída da Fazenda Belgominas / Ferroligas – 161 moirões de aroeira, madeira de lei - do Sr. João Peres, que tem domínio sobre a Fazenda conhecida como São João.  Conforme B.O, em anexo, o caminhão lotado com 161 moirões de aroeira estava sendo levado para Patos de Minas, MG, de forma clandestina e totalmente ilegal. Em fazenda Ferroligas/Belgominas onde está ocorrendo Crime ambiental grave como esse, que é a derrubada de madeira de lei – 161 moirões de aroeira em apenas um caminhão -, há forte pressão para despejar o Acampamento Novo Paraíso, do MST, onde 42 famílias vivem em harmonia com a natureza com dignidade, dando função social à propriedade. Imagine quantos outros caminhões de madeira de lei já não foram extraídos de forma ilegal e injusta!  Como pode insistir em despejar dezenas de famílias que estão cuidando da terra, produzindo segundo princípios da agroecologia e devolver a fazenda a quem está fazendo crime ambiental? Essa injustiça não pode se consumar.





quarta-feira, 22 de abril de 2015

IMINÊNCIA DE DESPEJO DO ACAMPAMENTO NOVO PARAÍSO, do MST, em Jequitaí, Norte de MG, após 9 anos de resistência na terra: injustiças agrária e social que não podem se consumar. BH, 22/04/2015

IMINÊNCIA DE DESPEJO DO ACAMPAMENTO NOVO PARAÍSO, do MST, em Jequitaí, Norte de MG, após 9 anos de resistência na terra: injustiças agrária e social que não podem se consumar.

Nota da CPT/MG à imprensa, às autoridades e às pessoas de boa vontade.


Dia 16 de abril de 2015, em Jequitaí, norte de Minas Gerais, houve reunião com comandantes militares e outras autoridades locais sobre Mandado de Reintegração de Posse da Fazenda Belgominas, onde está há 9 anos o Acampamento Novo Paraíso, referente ao Processo 0052263-37.2013.8.13.0512/0512.13.005226-3. O juízo da Vara Agrária de MG determinou à Polícia Militar o prazo de 60 dias para realizar o despejo das dezenas de famílias do Acampamento Novo Paraíso, do MST, em Jequitaí.
Precisamos do Apoio de todos e todas que colaboram com a luta pela Reforma Agrária para evitar uma grande injustiça agrária e social que está na iminência de acontecer com dezenas de famílias do Acampamento Novo Paraíso. Dezenas de famílias vivem nesta área há mais de 9 anos. As crianças que ali chegaram, há 9 anos atrás, hoje já têm suas famílias constituídas e tudo que têm está neste local de vivência Não têm outro lugar para morar. Há crianças recém-nascidas e idosos, que não têm outro lugar para viver.
O Acampamento Novo Paraíso já se consolidou como a Comunidade Novo Paraíso. Está numa área de aproximadamente 10.000 hectares, dividida em 14 glebas, cujos pretensos donos nunca pisaram nestas terras e vários moram em outro estado. Vem acontecendo extração irregular de madeiras de lei na Fazenda Belgominas por parte dos fazendeiros, através dos seus gerentes. Há notícias que dizem sair da Fazenda Belgominas cerca de 2 a 3 caminhões de aroeira por dia, relato que consta de Ata de reunião com a Polícia militar. Muitas denúncias de crime ambiental já foram feitas. O IEF e o Ministério Público já estão cientes dos crimes ambientais que aconteceram na Fazenda Belgominas sob coordenação dos donos e seus gerentes. Somente as famílias do MST do Acampamento Novo Paraíso, que de fato vivem nesta área, têm condições de zelar pela vida da natureza, pois são e se sentem parte desta mesma vida e natureza.
Na reunião com comandantes militares, acima referida, foi dito que as famílias do MST, após serem despejadas, seriam enviadas às suas cidades de origem. Diante disso, representantes do Acampamento Novo Paraíso afirmaram: “As pessoas que ali residem na fazenda – onde está o Acampamento Novo Paraíso - não tem casa em outros lugares e que muitos ali, principalmente crianças, tem como referência a fazenda como local de origem,” – pois lá nasceram.
Também está na Ata da reunião: “Alguns assentados interrompem novamente a fala do Tenente Coronel Rocha dizendo que podem levar caixões para a Fazenda e que a Polícia Militar realizará uma chacina no local.”
Consta também na Ata: “A Senhora Sônia volta a dizer que não tem para onde ir e que mais uma vez a polícia militar alega que será pacífica, mas que sua casa e suas coisas serão destruídas. Mais uma assentada denuncia sobre cortes de madeira na Fazenda, ,” extração ilegal de madeira de lei que vem sendo feita pelos pretensos proprietários da Fazenda e seus gerentes.
Também está na Ata: “Senhor Geraldo Pires, representantes das famílias assentadas no Acampamento Novo Paraíso, afirma que a Polícia Militar não tem condições para providenciar moradia para essas famílias e que o dono da terra não tem interesse real na terra e que as famílias produziram muito no local. Relata ainda que houve negociações anteriores e que todos estão abertos a negociações, mas que nenhum dos donos se prontifica negociar de uma forma amigável.”
Ainda na Ata: “Outra assentada diz que muitas vezes os assentados procuraram o INCRA, mas que não obtiveram êxito e diz também que não tem condições para ir para outro lugar e que por mais que o local não tenha saneamento básico é a opção que eles têm, porque eles são obrigados a fazer isso porque não há empregos suficientes para todos nas cidades.”
Na mesma reunião com comandantes da PM foi denunciado, conforme Ata de reunião: “O Sr. Geraldo afirma que foram feitas muitas negociações para que essa terra fosse passada para os assentados e que muitos donos daquela terra sequer conhecem a terra que querem de volta e que poderiam negociar essas terras para gerar renda e gerar condições melhores de vida para muitas pessoas e demonstrou fotos do local mostrando que estão sendo construídas casas e uma pequena escola, mostrou fotos da produção onde todos os alimentos foram produzidos por eles e ainda diz que todos vão sair contanto que tenha outra terra para que eles possam ir e produzir novamente e que, como todos os outros assentados, não tem lugar para ir e continuar vivendo, onde mostra outras fotos da fazenda dizendo que os alimentos produzidos são vendidos para gerar renda e que há nove anos vivem na fazenda e que a terra está produzindo, alegando também que os donos sempre aumentam o valor da fazenda, dificultando para que seja realizada a compra pelo INCRA e denuncia que no local estão sendo retiradas madeiras de forma ilegal e um dos supostos donos ofereceu que fizessem trabalho escravo para realização de carvoeiras mostrando também parte do processo no slide, onde sai do local cerca de dois a três caminhões de aroeira da fazenda. Pede que o juiz venha no local para ver a realidade da destruição da fazenda, que na verdade quem a destrói são os pretensos proprietários e não os assentados. Interroga por que o juiz não cumpre lei estadual de que deve ser imparcial e diz também que o juiz mandou prendê-lo em data pretérita e que os assentados lutam para ficar no local e evitar essa derrubada de arvores, diz também que ainda será realizada uma audiência pública dentro do prazo estipulado para que os assentados fiquem na terra e vai pedir prorrogação do prazo.”
São muitas as irregularidades denunciadas no caso. Desde a violação da dignidade humana e descumprimento da função social da propriedade pelos supostos donos ao crime ambiental. Casos complexos como este não podem ter soluções simplistas, não podem ser tratado como caso de polícia. O atual Governo de Minas Gerais, que pretende ser diferente, não pode lavar as mãos diante de mais este caso de tremenda injustiça agrária, não pode permitir que a Polícia execute esta decisão que apesar de judicial, é injusta e contrária à Constituição brasileira.
Diante do exposto, exigimos do Governo Federal, através do INCRA/MG, da Vara Agrária de MG, do Governo de MG, da PMMG, do IEF, do Ministério Público e todas as autoridades implicadas nesse gravíssimo conflito agrário COMPROMISSO urgente no sentido de evitar a grande injustiça agrária e social que está na iminência de ser perpetrada na Fazenda Belgominas com o despejo forçado de dezenas de famílias Sem Terra, do MST, do Acampamento Novo Paraíso, em Jequitaí, MG. Não há justificativa constitucional para se despejar um Acampamento já com 9 anos de história, produzindo alimentos saudáveis, contribuindo para o resgate social de dezenas de famílias e contribuindo com o povo da cidade de Jequitaí. E pior, diante do crime ambiental que vem sendo feito pelos pretensos proprietários e seus gerentes na Fazenda Belgominas. Temos que caminhar rumo à reforma agrária e não reforçar o agronegócio e a iníqua estrutura latifundiária.
Cumpre recordar que o Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel prometeu, durante campanha eleitoral prometeu não fazer despejo sem alternativa digna prévia. É isso que está sendo construído em reuniões semanais na Cidade Administrativa na Mesa de Negociação com as Ocupações Urbanas e do Campo. Por despejo zero, lutamos!

Lutar: construir Reforma Agrária Popular!
Belo Horizonte, MG, Brasil, 22 de abril de 2015.
Assina essa Nota,
Comissão Pastoral da Terra - CPT/MG.
Coordenação do Acampamento Novo Paraíso, do MST.

Para maiores informações, ver vídeos nos links, abaixo:

1)   Vídeo do Acampamento Novo Paraíso, de 09/01/2012: https://www.youtube.com/watch?v=zC_Kp1U7Twc

2)   Vídeo sobre formatura de Turma do MOVA no Acampamento Novo Paraíso, em Jequitaí, MG:


3)   Vídeo sobre Estética interiorana no Acampamento Novo Paraíso:

4)   Vídeo sobre Arte fina flor no Acampamento Novo Paraíso:

terça-feira, 21 de abril de 2015

Vereador Adriano Ventura defende a Mata do Planalto em BH- 26/03, Camara...

Ocupações da Izidora apoiam a Mata do Planalto em BH - 26/03, Câmara Mun...

Profa. Dra. Andrea Zhouri defende a Mata do Planalto- em BH 26/03, Camar...

Vereador Gilson Reis defende a Mata do Planalto em BH- 26/03, Camara Mun...

Procuradora Cláudia Souza, do Ministério Público de MG defende a Mata do...

Presidente da APACD Magali Ferraz defende a Mata do Planalto em BH- 26/0...

Dr. Wilson Ferreira Campos defende a Mata do Planalto em BH- 26/03

Frei Gilvander defende a Mata do Planalto e as ocupações do Izidora em B...

Ocupação Nova Canaã, em Betim, MG: 100 famílias sob risco de despejo. Po...

Ocupação Nova Canaã, Betim/MG: Maria do Rosário, advogada, fala sobre os...

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Frei Gilvander foi inocentado em processo porque havia denunciado o exagero de agrotóxico no Feijão Unaí. BH, 17/04/2015

Frei Gilvander foi inocentado em processo porque havia denunciado o exagero de agrotóxico no Feijão Unaí.
Frei Gilvander Luís Moreira, da CPT.

Hoje, dia 17/04/2015, dia em que celebramos 19 anos do massacre de 19 Sem Terra em Eldorado dos Carajás, Pará, meu celular começou a tocar uma chamada atrás da outra. Eram amigos e companheiros/as de luta, preocupados, querendo saber se tinha decisão judicial me mandando prender. Agradeço, de coração, a solidariedade e venho esclarecer o que segue: Sem meu consentimento, não sei se quem colocou cartazes no muro do Palácio dos bispos em Belo Horizonte, dia 12/04/2015, agredindo padres, bispos e a minha pessoa, frei Gilvander, porque optamos pelos pobres, alguém requentou no facebook notícia de 2012 sobre decisão judicial que ameaçava me prender. Temos que prestar atenção na data do que circula no facebook e internet.
Eu, frei Gilvander Luís Moreira, fui inocentado em processo movido pela empresa do Feijão Unaí, processo que me acusava de danos morais por ter denunciado exagero de agrotóxico no Feijão Unaí. Um juiz do Juizado Especial Cível de Unaí, MG, em 22/06/2012 concedeu uma liminar exigindo que o Google/Youtube retirasse do ar o vídeo-reportagem que eu, frei Gilvander, denunciava o exagero de agrotóxico no Feijão Unaí. A decisão liminar prescrevia que eu, frei Gilvander, não recolocasse o vídeo na internet, além de me ameaçar de prisão caso descumprisse a decisão judicial.
Em 30/07/2013, outro juiz, no momento responsável pelo Juizado Especial Cível de Unaí, expediu Sentença me inocentando e condenando a Google/youtube a pagar R$563.200,00 de multa corrigível monetariamente por descumprimento de decisão judicial, pois a Google/youtube demorou quase 6 meses para retirar o vídeo do ar.
A empresa do Café Unaí e Feijão Unaí e a Google/youtube recorreram, com recurso inominado, para a Junta Recursal de juízes de Paracatu, MG, que, em 06/09/2013, confirmou a sentença de 1ª instância me inocentando. Negou danos morais à empresa do Feijão Unaí, mas manteve a multa que a Google/youtube deve pagar ao erário público/Governo de Minas, no entanto, reduziu a multa para R$133.094,92 (Cento e trinta e três mil reais) e R$22.888,02 referentes aos honorários sucumbenciais.
Além disso, a Google/youtube e a empresa do Feijão Unaí e Café Unaí foram condenadas a pagar as custas processuais na razão de 50% para cada parte. Em razão da sucumbência, a Torrefação e moagem Café Unaí Ltda foi condenada a pagar os honorários advocatícios à Google/youtube e a frei Gilvander no valor de 20% do valor da causa, valor corrigido. E em razão de sucumbência parcial, a Google/youtube foi condenada a pagar os honorários advocatícios à empresa do feijão Unaí e a frei Gilvander, no valor de 15% do valor da causa, valor corrigido.
Essa já é decisão transitada em julgado, estando já em fase de execução.
Por ironia da história, o vídeo-reportagem no qual eu, frei Gilvander, denunciava o exagero de agrotóxico no Feijão Unaí está disponibilizado em: 
1)   http://www.youtube.com/watch?v=mMkjzhwaIIc , no canal de Isaac Kojima;
2)   http://www.youtube.com/watch?v=lxa-cRvTSlQ , no canal de Anonimous Brasil;
3)   http://www.youtube.com/watch?v=ZnIoEYCDkdk , em Depoimento do deputado federal padre João Carlos (PT/MG) que reforça a denúncia do exagero de agrotóxico em feijão de Unaí e região.

Assim, há quase 3 anos o vídeo está retirado do meu canal no youtube. Não tive tempo ainda de recolocá-lo, mas já tenho decisão judicial para recolocá-lo. Mas, mesmo proibido por força de liminar, derrubada em 30/07/2013, o vídeo segue disponibilizado nos três links, acima, relacionados. Quem quiser assistir aos vídeos e divulgá-los sinta-se à vontade.
Enfim, feliz pelo poder judiciário ter reconhecido a legitimidade da nossa denúncia contra exagero de agrotóxico no Feijão Unaí, seguiremos na luta contra o uso indiscriminado de agrotóxico e na luta pela produção de alimentação saudável na linha da agroecologia.
Obrigado, de coração, a todos/as que estão irmanados na luta por saúde pública, por justiça social, por justiça agrária, por justiça ambiental etc.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 17 de abril de 2015.

Abraço na luta.
Frei Gilvander Luís Moreira, assessor da CPT e doutorando em Educação pela FAE/UFMG.
facebook: Gilvander Moreira



quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ocupação Dandara, em Belo Horizonte/MG: Seis anos de luta e de muitas co...

Palavra Ética TVC BH | Tributo a Manoel Bahia

Palavra Ética| Mata do Planalto | Eugênia Costa

É justa e legítima a luta das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão, da Região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.

É justa e legítima a luta das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão, da Região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.
Resposta à reportagem do Jornal Hoje em Dia de 14/04/2015: Atalho para a casa própria. Nota à Imprensa e à Sociedade.

Dia 14/04/2015, o Jornal Hoje em Dia, às páginas 22 e 23 publicou Reportagem caluniosa, mentirosa, difamatória e criminalizadora sobre as Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão, na Região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Para resgatarmos a verdade, o que nos liberta, esclarecemos o que segue:
A região não é do Isidoro, mas da Izidora, mulher negra escravizada que lavava roupa no ribeirão que passou a ter seu nome. Até 1.932 figurava nos mapas o nome Izidora. Mas, após 19.32, machistas transformaram a Izidora em Isidoro. Lutamos inclusive por um resgate da história de forma libertadora.
As famílias que ocupam a área da região da Izidora não são invasoras, mas ocupantes. Antes de serem ocupados por milhares de famílias que não suportavam mais a pesadíssima cruz do aluguel ou a humilhação que é sobreviver de favor, os terrenos da Izidora estavam abandonados, servindo para trilhas de motoqueiros, para “bota-fora”, terrenos ociosos e sem cumprir sua função social, requisito constitucional para reivindicar o direito de propriedade. Logo, os terrenos foram ocupados e não invadidos. Invadido seria se o povo tivesse expulsado quem lá estivesse morando, trabalhando e dando função social para as propriedades. Isso não ocorria antes das ocupações. Sendo assim, se referir às famílias das ocupações urbanas ou do campo como invasoras, como “os ilegais”, é injúria, difamação e calúnia. Ocupar terrenos abandonados, que não cumprem sua função social, é um direito constitucional garantido. Acima de “ilegais”, as famílias das ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão são CONSTITUCIONAIS, estão lutando para que a Constituição seja posta em prática, constituição que assegura respeito à dignidade humana, função social da propriedade e direito à moradia.
A partir de conjecturas, tais como “pode estar levando”, “acreditamos que”, “especulamos” que “aumentarão o número de famílias.” Isso é irresponsabilidade jornalística. Por que não se pesquisa para ver que o déficit habitacional está aumentando em progressão geométrica? Por que não informar que a cada dia muitas famílias são despejadas de barracões alugados, porque já estão há mais de 3 meses sem conseguir pagar os aluguéis? Por que não informar que a Prefeitura de Belo Horizonte mais destrói casas do que constrói?
O povo das três ocupações da Izidora, milhares de famílias, não teve tempo suficiente ainda para apreciar e deliberar sobre a Proposta apresentada pelo Governo de Minas, Construtora Direcional e Prefeitura de Belo Horizonte.
Foi declarado luto por 30 dias por causa do assassinato covarde de Manoel Bahia, integrante da coordenação da Ocupação Vitória (www.ocupacaovitoria.blogspot.com.br ) dia 31/03/2015. Manoel Bahia, uma pessoa muito humana, idônea, honesta, com sede e fome de justiça, um lutador incansável na defesa das famílias injustiçadas. Manoel Bahia se tornou mártir da luta pela moradia própria, digna e adequada. O povo está revoltado e indignado com o assassinato de Manoel Bahia, mas tem a convicção que Manoel Bahia não morreu, se multiplicou e estará sempre presente em todos na luta. Em terra banhada com sangue de mártir não pode haver despejo. Manoel Bahia foi assassinado por grileiros de lotes vagos, justamente para impedir que aproveitadores se apropriem da terra.
O cadastro feito pela URBEL/PBH em fevereiro de 2014 foi imoral, injusto, criminalizador e parcial. Isso foi atestado pelo Ministério Público de MG, pela Defensoria Pública de MG, pela Associação dos Arquitetos Sem Fronteiras-Brasil, pelo Conselho Regional de Serviço Social de MG, pelos advogados do Coletivo Margarida Alves, pelas Brigadas Populares, pelo MLB, pela Comissão Pastoral da Terra e pelas coordenações das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. Em apenas 1,5 dia a URBEL/PBH cadastrou  2.515 famílias, mas deixou fora mas de 5 mil famílias. Isso foi suficientemente comprovado em Reunião de Negociação sob a presidência do Dr. Rômulo Ferraz, ex-secretário da Secretaria de Defesa Social (SEDS). Tanto é que foi firmado um Acordo em março de 2014 – acordo não cumprido pelo TJMG e nem pelo poder público - para se fazer um cadastro idôneo. A Ata desse acordo foi assinada por todos da Mesa de Negociação, inclusive pelo Dr. Rômulo Ferraz e pela juíza Luzia Divina, a que foi arguida como suspeita pelo Ministério Público. Nunca seremos contra a realização de um cadastro idôneo e sério. Após o cadastro, o Estado terá a tarefa de separar o joio do trigo. O que não admitimos é difamar a luta justa e legítima de milhares de famílias por causa de alguns que não se enquadram nos critérios éticos e legais para aquisição de moradia própria, digna e adequada.
Esclarecemos também que: Ofício da Caixa Econômica Federal ao Ministério Público Federal, de 14/08/2014 informa que: em 27 de dezembro de 2013, foi assinado Contrato de compra e venda de terreno de 500.294,23 m2 (pouco mais de 50 hectares) da Granja Werneck S.A para construir empreendimento imobiliário denominado Granja Werneck. Construtora do empreendimento: Belo Cruz Empreendimentos Imobiliários Ltda. Comprador: Fundo de Arrendamento Residencial – FAR. Intervenientes/garantidores: Direcional Participações Ltda e Direcional Engenharia S.A. Produção de 8.896 apartamentos de 44 metros quadrados apenas, na Fase 1. Segundo a cláusula 16ª – Condições Suspensivas – “O referido contrato encontra-se com todos os seus efeitos suspensos até o cumprimento integral de todas as condições estabelecidas, que serão consideradas cumpridas com a manifestação expressa da CAIXA reconhecendo o seu cumprimento.”
A Caixa Econômica Federal, em outro Ofício de 25/08/2014, endereçado ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, diz: “As informações que nos foram repassadas até então era a de que uma possível realocação de moradores da área destinada ao empreendimento Granja Werneck, que o município deseja construir, era inferior a 160 famílias e que mesmo para essas o município estava negociando alternativas para uma desocupação pacífica. Com o objetivo de permitir que se pudesse ter uma finalização da negociação dessas menos de 160 famílias, foi demandado à CAIXA um prazo de até 31 de agosto de 2014. Diante do exposto, estamos prorrogando por prazo indeterminado e até o esclarecimento total dos fatos e regularização de todas as pendências nos sejam repassadas formalmente. A CAIXA esclarece que não tem qualquer objeção, inclusive em relação ao cancelamento do Contrato.”
Portanto, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), MG, mentiu à Caixa Econômica ao dizer que tinha abaixo de 160 famílias ocupando a área das Ocupações Vitória e Esperança. Desde o início das Ocupações em julho de 2013, as coordenações e os movimentos sociais estão afirmando que nas três ocupações da Izidora existem cerca de 8 mil famílias. A Caixa é proibida por lei de assinar contrato para construir moradias em áreas ocupadas. E pelo afirmado, acima, O CONTRATO DA CAIXA COM AS EMPRESAS CONTINUA SUSPENSO e prorrogado por tempo indeterminado. A PBH também mentiu ao dizer à CAIXA que estava negociando alternativas para uma desocupação pacífica. A PBH nunca negociou para encontrar alternativa justa e pacífica, mas somente pressionou para que acontecesse despejo forçado, o que é injusto.
Importante afirmar que a matéria veiculada no Jornal Hoje em Dia, em 14/04/2015, às páginas 22 e 23, extrapolou a liberdade de expressão, conclamando a sociedade a olhar com desprezo, preconceito e discriminação para as Ocupações da Izidora, apresentando inverdades e aumentando em muito o sofrimento das milhares de famílias, incluindo idosos e crianças que vêm sofrendo violência psicológica pelas ameaças de despejo e, pior, em tempos de luto e muita dor das Comunidades por causa do recente assassinato de uma de suas lideranças: Manoel Bahia, mártir da luta pela moradia própria, digna e adequada. Manoel Bahia, outro Chico Mendes, outra Irmã Dorothy.
O Supremo Tribunal Federal já entendeu (Ministro Marco Aurélio) que a liberdade de expressão não é um direito ilimitado e que, na hipótese de colisão com outros direitos e valores, deve-se verificar se, na espécie, dentre outros requisitos, se o meio empregado de divulgação de opinião representa uma afronta violenta contra a dignidade humana, entre outras questões. No caso em tela, não se considerou a dignidade das pessoas que ali vivem e mais: incita a violência (despejo forçado) e aumenta o sofrimento, o que cabe, dentre outras medidas cíveis e penais, o direito de resposta.

Assinam essa Nota de Esclarecimento:
Comissão Pastoral da Terra (CPT),
Brigadas Populares,
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB),
Coordenações das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 16 de abril de 2015.      

Para maiores informações, consulte:



quarta-feira, 15 de abril de 2015

Convite Celebração 40 anos CPT



Saudações a todos!

Graça e paz!

Segue em anexo o convite para celebração dos 40 anos da CPT e preparação para o IV Congresso Nacional.

Contamos com seu apoio!

Abraço fraterno.
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Maria do Carmo Silva <mariadsilva.f@gmail.com>
Data: 6 de abril de 2015 21:08
Assunto: Convite Celebração 40 anos CPT
Para: CPT MG <cptminas.adm@gmail.com>


Oi Francielle, boa noite,
Gentileza encaminhar a todos agentes , conselheiros, entidades amigos da CPT o  convite em anexo
.
Atenciosamente,

A coordenaçao
CPT Minas 



--
Francielle Ribeiro Couto
Secretaria de Finanças
CPT-MG Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais
Rua Cassiterita, 59 - Santa Inês
Belo Horizonte/MG - Cep: 31080-150
Tel.: (31) 3481-5420
www.cptmg.org.br
www.facebook.com/CPT-MG
cptminas.blogspot.com
Emails: mailto:faleconosco@cptmg.org.br
mailto:cptminas.adm@gmail.commailto:cptminas@bol.com.br

América Latina chora a morte de Eduardo Galeano, na manhã desta segunda-feira (13/04), em Montevidéu.


América Latina chora a morte de Eduardo Galeano, na manhã desta segunda-feira (13/04), em Montevidéu. 
A Educação libertadora está de LUTO, morreu na manhã desta segunda-feira (13), em Montevidéu, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (74 anos). A informação foi confirmada pela sua editora ao jornal "El País".
Referência do pensamento de esquerda na América Latina, publicou em 1971 sua obra mais conhecida, "As Veias Abertas da América Latina", em que analisa a História do continente, desde o período colonial, argumentando contra o que considerava exploração econômica e política do povo latino-americano pela Europa e pelos Estados Unidos.
O "Livro dos Abraços" (1989), outro clássico, é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores.
Duas frases que expressam o pensamento do poeta: "Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos".
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.".
Eduardo Galeano


Enfoc - Escola Nacional de Formação da Contag

terça-feira, 14 de abril de 2015

Só com Constituinte superaremos a corrupção. Entrevista especial com José Luiz Quadros

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Plebiscito Popular <plebiscitopopularmg@gmail.com>
Data: 13 de abril de 2015 16:27
Assunto: Fwd: Só com Constituinte superaremos a corrupção - José Luis Quadros
Para: 



Só com Constituinte superaremos a corrupção. Entrevista especial com José Luiz Quadros

“Entre as causas ocultas da crise, é clara a intenção de privatização da Petrobras e entrega do petróleo do ‘pré-sal’ às empresas concorrentes”, afirma o pesquisador.
Foto: www.dw.de
O “mal-estar” que se manifesta nos protestos realizados no país em 2013 e neste ano é um efeito da “crise radical da civilização moderna e o esgotamento de suas propostas”, diz José Luiz Quadros à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail. Para ele, esse mal-estar é “subjetivo” e decorrente do “modo como experimentamos” as crises econômica e política na sociedade.
Na avaliação do pesquisador, “o momento que vivemos foi gradualmente e cuidadosamente forjado”. Segundo essa interpretação, as manifestações deste ano são diferentes das de 2013, que ocorreram de modo “mais forte contra o Congresso”, com “pautas pontuais ou pedidos genéricos, a partir da insatisfação com o transporte público na cidade de São Paulo e o aumento de tarifas e com a participação de classes sociais distintas”. Os protestos deste ano, ao contrário, “marcam a divisão de classes já apontada nas eleições presidenciais de 2014” e são “direcionadas contra o governo federal, o que não aconteceu de forma majoritária em 2013”, compara.
A partir do “conceito freudiano de recalque”, Quadros afirma ainda que o “ódio nas ruas” não decorre somente da crise política ou dos “escândalos da corrupção na Petrobras”, mas trata-se de um “ódio histórico de muitos brancos e ricos contra os pobres, as mulheres, os gays, os negros, enfim, contra os considerados diferentes diante do padrão hegemônico moderno branco e masculino”.
José Luiz Quadros de Magalhães é graduado, mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG.
Confira a entrevista.
Foto: lattes.cnpq.br
IHU On-Line - Em artigo publicado sobre as manifestações de junho de 2013, o senhor fala de “um enorme mal-estar que estamos vivendo mundo a fora”. Em que consiste esse mal-estar? 

José Luiz Quadros - Mencionei o mal-estar a partir do conceito freudiano de recalque. Todos nós passamos por experiências que a nossa mente esconde de nós mesmos, para nossa aparente proteção, mas que pode e irá se voltar contra nós. Assim, a ideia do recalque a partir do trauma se traduz pelo processo de ocultamento de experiências traumáticas no inconsciente. O grande problema do recalque é que não só não sabemos onde e o que escondemos de nós mesmos, como não sabermos sequer que escondemos. O desenvolvimento da psicanálise, após as experiências de Freud com a hipnose e a interpretação dos sonhos, visa permitir que possamos acessar o inconsciente e descobrir o que foi recalcado, trazendo para o consciente e o combatendo, enfrentando. Os traumas recalcados podem nos trazer problemas de diversos níveis de gravidade. Os tratamentos desenvolvidos por Freud e a partir dele demonstraram que muitos sintomas causados pelo recalque desapareceram com a descoberta do que foi recalcado. Entretanto, os sintomas tendem a voltar, ou outros sintomas podem se manifestar se não forem enfrentados.
É a partir desta compreensão que falamos em "mal-estar". Podemos também citar Freud em seu texto “O mal-estar na civilização”, que traz ideias importantes sobre o limite às pulsões nas civilizações. Mas a ideia que procurei demonstrar não foi esta, ou apenas esta. Ao falar do mal-estar que estamos experimentando, mencionei a crise radical dacivilização moderna e o esgotamento de suas propostas. A inviabilidade de continuar vivendo em uma sociedade de extrema competição, grande superficialidade e superconsumo. Nossas metrópoles vandalizam as pessoas e a opção pelo caminho da competição individual e a busca do sucesso material sufocam as pessoas.
Um filme que pode ajudar a percebermos o quanto estamos todos à beira de um ataque de nervos é o argentino produzido por Almodóvar: "Relatos Selvagens".
Voltando às palavras iniciais, as pessoas têm acumulado tantos problemas, a vida vem perdendo tanto o sentido, ao se resumir ao sucesso e acúmulo de coisas e experiências, que estamos prestes a explodir. O problema maior desta explosão é o fato de que quando estouramos, explodimos, apontamos o dedo acusando o que teria nos causado esta explosão sempre na direção errada.
Por que digo "sempre"? Porque os reais motivos estão encobertos. Apontamos o dedo para o superficial, para o facilmente identificado. O que realmente está nos incomodando, sufocando e nos matando está oculto. É complexo e sistêmico. Assim, nas manifestações de junho de 2013, assistimos uma pauta de reivindicações diversas. As pessoas, de origens e classes sociais distintas, apontavam o dedo para o primeiro problema que reconheciam, mas não tiveram a possibilidade de perceber que os reais motivos ainda estão ocultos, mas podem começar a se tornar visíveis. Cada um tem suas motivações pessoais do grande mal-estar, mas podemos identificar uma origem comum deste mal-estar, embora seja experimentado de forma distinta por cada pessoa.
IHU On-Line - Como esse mal-estar é materializado no Brasil e no mundo?
José Luiz Quadros - Pela insatisfação, violência, inadaptação, revolta. O mal-estar é subjetivo, decorre de como experimentamos uma sociedade, uma economia e uma política em crise, ou talvez já esgotada. Como brinca o filósofo e psicanalista Slavoj Zizek, em maio de 1968 os jovens estudantes e trabalhadores saíram às ruas dizendo: "Sejamos realistas, exijamos o impossível"; hoje podemos inverter esta frase dizendo: sejamos realistas, exijamos o possível, pois este mundo capitalista que está aí com suas metrópoles, competições, egoísmos, consumismo e outras variadas formas de violência é impossível.

"Com o atual sistema eleitoral, o Congresso Nacional nunca irá representar os interesses de toda a diversa sociedade brasileira"

IHU On-Line - É possível estabelecer uma relação entre o mal-estar de 2013 e o momento que vivemos agora? Esse sentimento persiste? Sofre alguma mudança, transformando-o num outro mal-estar?
José Luiz Quadros - Acredito que é um outro momento, embora seja válido o que disse na primeira pergunta. O momento que vivemos foi gradualmente e cuidadosamente forjado. O resto que disse continua válido. De forma diferente de 2013, quando as manifestações ocorreram de forma mais forte contra o Congresso, pautas pontuais ou pedidos genéricos, a partir da insatisfação com o transporte público na cidade de São Paulo e o aumento de tarifas e com a participação de classes sociais distintas, as manifestações atuais marcam a divisão de classes já apontada nas eleições presidenciais de 2014. O ódio de classe é claro, as manifestações são direcionadas contra o governo federal, o que não aconteceu de forma majoritária em 2013. Há pedidos os mais estranhos, e entre eles o "impeachment" (crime de responsabilidade) da presidente, o que se apresenta como golpe de Estado. Ocorre até mesmo a tese absurda da volta dos militares. Os gritos apontam um ódio que revela o machismo, a homofobia, o ódio de classe e a intolerância política. De outro lado, manifestações à esquerda retomam pautas que já foram objeto de manifestações históricas no passado, como a defesa da Petrobras. Entre as causas ocultas da crise é clara a intenção de privatização da Petrobras e entrega do petróleo do "pré-sal" às empresas concorrentes. Mais uma vez a classe média serve de massa de manobra para interesses antinacionais.
As manifestações à direita guardam semelhança com manifestações golpistas e antinacionais do último governoVargas ou do golpe empresarial militar de 1964, e, como nos episódios anteriores, conta com a participação de uma mídia concentrada, que mente e encobre, manipulando abertamente a opinião pública. No mais, é válido compreender que o ódio destas pessoas nas ruas, muitas vezes, são explosões que decorrem de outras questões que não o governo federal ou o "escândalo da corrupção na Petrobras", mas decorrem de um ódio histórico de muitos brancos e ricos contra os pobres, as mulheres, os gays, os negros, enfim, contra os considerados diferentes diante do padrão hegemônico moderno branco e masculino. A explosão de ódio em boa parte também pode ser explicada após muitos anos no divã, desde que as pessoas tenham coragem de enfrentar seus recalques, se vierem à tona.

IHU On-Line - Ainda sobre as manifestações de junho de 2013, o senhor destacou que a natureza do movimento difuso permitia infiltrações. Um ano e meio depois do “vem pra rua”, como o senhor avalia o movimento e o efeito dessas infiltrações? Foram elas — e a própria natureza dispersiva — que arrefeceu a indignação popular?
José Luiz Quadros - A partir de um momento, a mídia (grande mídia) começou a tentar direcionar a insatisfação. Talvez isto tenha feito o movimento, sem direção e comando, se dispersar. O que acontece agora é outra coisa. Há um comando: a grande mídia e os interesses de grupos empresariais e internacionais na desestabilização do país, da Petrobras na competição pesada dos BRICS versus EUA e União Europeia - OTAN. Só não vê quem não quer. Um governo pró Estados Unidos começa a desconstruir alternativas importantes como o BRICS; o Banco de Financiamento desta construção global, a CELAC, a Unasul, e todos os governos soberanos que se afirmaram democraticamente nos últimos quinze anos na América Latina, especialmente no Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador, Venezuela, Nicarágua, El Salvador e, em parte, Chile.
A desestabilização do Brasil é útil para os interesses das empresas de petróleo, para a União Europeia (que se vê ameaçada pelo crescimento da esquerda e de outras oposições) e do sistema financeiro. O governo Dilma erra, de novo, ao tentar negociar com este poder, com a direita. Um governo de direita, pró Estados Unidos, no Brasil, pode desestabilizar todas as iniciativas democráticas na América Latina. No meio de tudo isto, uma mídia que mente e uma multidão de insatisfeitos e mal informados que destilam seu ódio em manifestações machistas, racistas, homofóbicas e de subalternização de classes.

"Não há uma política de comunicação eficiente do governo federal"

IHU On-Line - Entre as demandas do “grito das ruas” estava a necessidade de uma reforma política, pauta aventada pela presidente Dilma Rousseff na época, mas logo depois abandonada. Que reforma deve ser essa?
José Luiz Quadros - A reforma deve ocorrer no sentido de democratizar o nosso sistema de governo extremamente corrupto e distorcido. O Congresso não nos representa. Basta verificar quem são os congressistas. Com o atual sistema eleitoral, o Congresso Nacional nunca irá representar os interesses de toda a diversa sociedade brasileira. Precisamos buscar novas formas democráticas. Investir em mediação, na busca de consenso, na representação dos diversos grupos sociais, políticos, étnicos, e qualquer outra diferença que represente nossa sociedade. O sistema partidário está esgotado. Claro que não há consenso possível em uma sociedade e economia que se fundamenta em relações de exploração. Não há consenso possível entre opressores e oprimidos. Experiências fantásticas estão ocorrendo na América. Precisamos conhecer as propostas do novo constitucionalismo democrático latino-americano, especialmente o caso da Bolívia. A reforma política só ocorrerá por meio de uma Assembleia democrática e soberana eleita exclusivamente para este fim. Este Congresso jamais a fará. Tem muito a perder em interesses pessoais para fazê-la.

IHU On-Line - O que é a constituinte exclusiva?
José Luiz Quadros - É uma Assembleia eleita exclusivamente para elaborar uma nova constituição fundada na manifestação popular de vontade democrática, com a ampla visibilidade e participação. A proposta existente (que pode ser acessada aqui) é de uma constituinte soberana (sem limites no ordenamento jurídico vigente), democrática (com ampla participação popular), exclusiva (eleita exclusivamente para um propósito com dissolução automática após cumprido o propósito) e temática (para a reforma política).

IHU On-Line - Qual o papel e a importância de uma constituinte exclusiva para a reforma política?
José Luiz Quadros - Acreditamos que só por meio deste mecanismo poderemos ter um novo sistema político que possa ajudar a superar toda a corrupção, permitindo que tenhamos uma real democracia que seja capaz de afastar do poder poderosos grupos econômicos e famílias que mantêm sua influência política, algumas, desde 1822. O atual Congresso não tem legitimidade, pois foi eleito com financiamento privado de campanha e se funda em um jogo de influências encoberto e limitado a poucas pessoas com alto poder econômico e político. Por exemplo, o atual Congresso é composto por:
  • mais de 70% de fazendeiros e empresários (da educação, da saúde, industriais, etc.), sendo que a maioria da população é composta de trabalhadores e camponeses;
  • 9% de Mulheres, sendo que as mulheres são mais da metade da população brasileira;
  • 8,5% de Negros, sendo que 51% dos brasileiros se autodeclaram negros;
  • menos de 3% de Jovens, sendo que os jovens (de 16 a 35 anos) representam 40% do eleitorado do Brasil.
IHU On-Line - Em 2014, a presidente Dilma Rousseff anunciou medidas e defendeu uma reforma política profunda. Que ações foram propostas? Percebe-se uma evolução nas discussões destas medidas?
José Luiz Quadros - Em 2014 a presidenta propôs um decreto (tímido) de participação política da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais na fiscalização e participação na construção de políticas públicas no Poder Executivo. Infelizmente a grande mídia, mais uma vez, mentiu para a população, fazendo muitas pessoas crerem que seria um instrumento de autoritarismo, o que é no mínimo ridículo. Entretanto faltou coragem e determinação ao governo para insistir nas reformas democráticas extremamente tímidas. Não há uma política de comunicação eficiente do governo federal, e o principal tema de nosso país, a democratização da mídia, não é enfrentado. Enquanto tivermos uma mídia monopolizada e parcial, não há democracia efetiva possível.

"Não existe neutralidade. Todas as pessoas falam de algum lugar"

IHU On-Line - Quais os desafios para fazer a reforma política andar num Congresso que o senhor mesmo já classificou como “cartorial, privatizado, familiar, formado por castas políticas que dominam o país”?
José Luiz Quadros - O principal desafio é não contar com este Congresso. É o momento da democracia, e a partir da movimentação democrática, a eleição de uma Assembleia exclusiva e temática para fazer a reforma política. O desafio é: como agir democraticamente em um país onde a mídia mente e manipula constantemente uma classe média alta que, em parte, ainda, inconscientemente, tem saudades da senzala, da exploração do trabalho, da escravidão, e considera o diferente pior, inferior, subalterno.
IHU On-Line - Qual a importância da democratização da mídia em uma reforma política? Por que o atual sistema parece ter se esgotado?
José Luiz Quadros - Não existe neutralidade. Todas as pessoas falam de algum lugar. A neutralidade é uma mentira ideológica assim como a naturalização do que é histórico. Precisamos de uma regulamentação que permita que as várias formas de pensar e interpretar o mundo e os fatos diários esteja presente, de forma igualitária, na mídia. Não há liberdade de imprensa onde só uma forma de pensar e compreender o mundo tem acesso aos ouvidos, olhos e mentes das pessoas. Não há liberdade, efetiva, de imprensa em um país, onde poucas famílias, e uma visão de mundo, tem acesso de forma maciça a toda a população. Fazer uma reforma política de mobilização popular e com esta mídia concentrada é um grande risco de retrocesso. No atual cenário só há uma opção: sermos capazes de mobilizar todos os movimentos sociais e envolvermos e organizarmos as pessoas ainda não organizadas. Do contrário estaremos vivenciando falsas legitimidades construídas de forma distorcida e ideologizada pela grande mídia a partir do preconceito e ódio privados de cada um.

IHU On-Line - O que corroeu com o atual sistema político, levando a necessidade de pensar em uma reforma política?
José Luiz Quadros - Sugiro que leiam o meu texto que fala sobre as máquinas processadoras de falsas legitimidades. Este sistema constitucional de democracia representativa liberal tem limites que foram atingidos em todo o mundo ocidental. É preciso não apenas reformá-lo, é necessário revolucioná-lo. Você é livre para escolher o que quiser desde que escolha certo, como diria Zizek, e acrescento, desde que seja nos limites postos do que pode ser escolhido. Você pode escolher entre “democratas” ou “republicanos”; entre “conservadores” e “trabalhistas”, entre “esquerda” e “direita”; nada além disso. Este sistema acabou. Para que seja superado, entretanto, é necessário que as pessoas parem de confundir o seu fantasma como algo vivo, existente, viável.

IHU On-Line - Que Brasil teremos nos próximos quatro anos?
José Luiz Quadros - Espero que os movimentos sociais sejam capazes de nos liberar do ódio e do preconceito histórico de nossa “elite” econômica branca. Digo “branca” no sentido histórico e não exclusivamente na cor da pele. Estamos em tempos conturbados, mas que podem ser produtivos. Temos um novo fenômeno que pode ter uma repercussão interessante, mas não previsível. As redes sociais, o distanciamento e a impessoalidade que elas permitem, estão revelando um lado oculto cruel e preconceituoso de muitos brasileiros. Pessoas que tinham coragem de mostrar todo seu preconceito e ódio passaram a fazê-lo escondidos pelos perfis “fake” ou pelo distanciamento dos computadores. Ao revelarem todo o seu ódio encontraram outros que também odeiam. Isto lhes deu força. Do Facebook estas pessoas foram às ruas. O oculto está se desocultando. Isto que nos assusta e causa temor pode ser também a oportunidade de entender a razão da manifestação de tanto ódio e logo encontrar formas de superá-lo de forma coletiva, ao entender os mecanismos de poder em movimento. Claro que o ódio de cada um, somente cada um pode resolver no divã, com muita coragem. Entretanto, primeiro passo é a revelação do oculto. Isto está acontecendo.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
José Luiz Quadros - Sou um otimista.

----

Atenciosamente,

Carol
Secretaria Operativa - Minas Gerais
(31) 3238-5000 / (31)3238-5041

Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

"O povo quer tá no poder,
o povo quer participar,
por isso vamos construir o plebiscito popular"




-- 
Francielle Ribeiro Couto
Secretaria de Finanças
CPT-MG Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais
Rua Cassiterita, 59 - Santa Inês
Belo Horizonte/MG - Cep: 31080-150
Tel.: (31) 3481-5420
www.cptmg.org.br
www.facebook.com/CPT-MG
cptminas.blogspot.com
Emails: mailto:faleconosco@cptmg.org.br
mailto:cptminas.adm@gmail.com/ mailto:cptminas@bol.com.br